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Nesse momento delicado, o hiBike disponibilizou um espaço no aplicativo para divulgar pequenas empresas que estão comercializando seus produtos e serviços em canais online.

Cicloturismo: contratar serviços ou pedalar por conta própria?

Cicloturismo: contratar serviços ou pedalar por conta própria?
Foto: Demétrio de Azeredo Soster

As rotas de cicloturismo têm ganhado cada vez mais espaço no mundo. Mas o que é cicloturismo? Cicloturismo é viajar, se locomover de bicicleta, e, em muitos casos, é feito em viagens, descobrindo novos lugares, fazendo novos amigos, podendo ser feito sozinho ou ainda em grupos.

E a procura pela bicicleta também foi sentida esse ano em meio a pandemia do coronavírus. Conforme a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) houve um aumento de 118% nas vendas de bicicletas no Brasil entre 15 de junho e 15 de julho, em comparação ao mesmo período do ano passado.

Essa procura também pode ser sentida no cicloturismo. Entenda um pouco mais como esse tipo de viagem pode ser feita.

Cicloturismo planejado: como funciona?

Uma das maneiras de fazer cicloturismo é contratar uma agência que realiza todo o serviço para o ciclista. Conversamos com Adriana Kroehne, proprietária da Bike Expedition, de São Paulo, que cria roteiros exclusivos para os ciclistas.

Adriana Kroehne, proprietária da Bike Expedition

Adriana teve sua primeira experiência de cicloturismo em 2001 na Europa: “Foi uma forma de viajar tão inovadora e reveladora que acabou tomando conta da minha vida. Descobri que a bike me levava para além de onde eu chegava de qualquer outra forma. No meu ritmo, do meu jeito, no meu tempo”.

Na sua visão o cicloturismo veio para ficar, pois é “um movimento crescente, que acompanha todas as tendências mundiais de ecologia, saúde, bem estar, sustentabilidade, e garante as melhores experiências”.

A proprietária da Bike Expedition ainda destaca que pedalar por lugares desconhecidos é uma experiência incrível: “Você tem tempo para descobrir novos hábitos, culturas, conversar com as pessoas, com tempo para se deixar envolver”. 

Imagem de Adriana Kroehne, proprietária da Bike Expedition

A Bike Expedition oferece várias possibilidades de viagens para seus clientes, o que dá uma liberdade para o ciclista. Segundo Adriana, uma das maneiras é o cicloturismo sem guia: “Nós fazemos as reservas de hotel, alugamos as bicicletas, mapeamos o trajeto e entregamos esse mapeamento via aplicativo pros clientes”. Assim, o ciclista pedala sem nenhuma preocupação.

Outra opção é a viagem em grupos formados no exterior: “A gente faz a reserva lá fora e os clientes viajam e se integram a outro grupo”. No caso, normalmente essas viagens acontecem em hospedagem em barco.

Existe também a possibilidade de algo personalizado:” Fizemos toda a parte operacional. Escolhemos junto com clientes, hotel, restaurante, e o cliente só viaja. Mandamos um guia”. Neste caso, é uma viagem mais cara – pontuou Adriana.

Conforme Adriana, o tipo de viagem mais popular e com melhor custo/benefício são viagens em hospedagem em barco. Dessa forma, o ciclista passa uma semana hospedado no barco: “Sai de manhã para pedalar e o barco o encontra a frente. Sempre com guia, um roteiro lindo e charmoso. Alguns locais são Holanda, Grécia, Croácia, Alemanha, Itália. Os clientes voltam “muito satisfeitos”, segundo a proprietária da agência.

Cicloturismo por conta própria: como funciona?

Há também aqueles que pedalam por conta própria, realizando seus próprios trajetos. Conversamos com o jornalista e pesquisador Demétrio de Azeredo Soster, que mora em Santa Cruz do Sul, distante 150 km de Porto Alegre e que desde 2017 faz cicloturismo. Ele já pedalou pelo Uruguai, Argentina, foi duas vezes pro Chile, para os Campos de Cima da Serra (RS-SC) e arredores. 

Demétrio de Azeredo Soster – Campos de Cima da Serra (RS-SC)

Para o jornalista, toda viagem é uma descoberta: “Toda viagem é uma oportunidade não só para conhecer novos lugares, mas também para se relacionar com novas pessoas, com outros cicloturistas”, disse.

Demétrio ainda destaca as pessoas que costuma encontrar em seus pedais: “As pessoas que moram à beira da estrada e outros ciclistas que estão viajando junto com a gente. Eu costumo dizer que a bicicleta transforma para melhor as pessoas, e nesse sentido é uma experiência muito importante”.

Demétrio de Azeredo Soster – Campos de Cima da Serra (RS-SC)

O jornalista e ciclista acredita que houve uma expansão do cicloturismo nos últimos anos, mas ainda acha que no Brasil é uma modalidade pouca conhecida/difundida mas que aos poucos vai ganhando relevância por meio da: “criação de rotas cicloturísticas, viagens que são feitas, livros escritos e vídeos”.

Para o jornalista, o cicloturismo promove o desenvolvimento sustentável: “Toda vez que um cicloturista viaja, seja por uma cidade próxima ou para um país distante, ele se transforma e é transformado nesse processo”, afirma.

Além disso, o cicloturismo pode também transformar as cidades: “Quando um cicloturista chega a uma cidade nova ele vai para um hostel, hotel, restaurante. Ele conserta bicicleta quando necessário, divulga a cidade e conhece os pontos turísticos. Então é sempre uma relação muito boa para todos”. Fazer cicloturismo é uma maneira, segundo o jornalista, de desenvolver autonomia e autossuficiência, porque é uma forma de conhecer o trajeto e as pessoas.

Demétrio de Azeredo Soster – Campos de Cima da Serra (RS-SC)

Demétrio também revelou mais detalhes sobre a sua última experiência: “Fiz o que eu chamei de Operação Campos de Cima da Serra. Ou seja, eu viajei de Canela (RS) até a praia da Pinheira (SC). Foram 727 km, durante 11 dias de viagem”.

Ainda contou que conheceu cânions e cachoeiras e que essa experiência vai ao encontro de sua carreira: “É bacana pensar que como sou jornalista e pesquisador eu uso essas viagens para escrever meus livros, fazer meus filmes, pesquisas e tudo mais”. A próxima viagem do jornalista seria em janeiro de 2021 para Colômbia. Mas não vai acontecer. Por isso, ele deve fazer o serrado brasileiro em junho/julho, considerada a melhor época.

Demétrio escreveu quatro livros que são frutos de suas viagens cicloturistas. Se quiser conhecer mais sobre suas aventuras, acesse aqui. E também vídeos disponíveis em seu canal no Youtube.

Cicloturismo curto para começar a se aventurar

Já para quem não quer se arriscar e pedalar longe, uma maneira de fazer cicloturismo são passeios mais próximos, de até 100 km, e que podem ser feitos em um dia. Um dos adeptos é o ciclista Ricardo Fockink, morador de Santa Cruz do Sul, distante 150 km de Porto Alegre.

Ricardo Fockink – interior de Santa Cruz do Sul e cidades ao arredor

Ricardo gosta de explorar locais e cidades próximas com um grupo de ciclistas: “Gosto de pedalar no sábado. É o dia que eu tiro pra mim. Sempre que pedalamos em cidades menores paramos para comer algo em um restaurante, e conhecer novos lugares. É divertido”, garante o ciclista.

Dicas gerais para se aventurar no cicloturismo

Foto: Demétrio de Azeredo Soster

Confira algumas dicas gerais para fazer cicloturismo:

1. Seja modesto em relação à sua quilometragem

Por exemplo, se você está planejando uma viagem de um mês é importante reservar mais alguns dias na agenda para ter uma flexibilidade de datas. Da mesma forma, se você planeja pedalar 7 horas por dia, deixe 8 ou 9 para curtir a paisagem e atrações no caminho.

2. Imprevistos acontecerão

Cada dia traz seus próprios desafios e às vezes a única constante é que algo inesperado vai acontecer. Dependendo da estação do ano e de onde você está pedalando, quase sempre pode contar com um destes: Se não são morros, é vento. Se não é chuva, então é uma estrada ruim. Se a rota não for mais longa do que você pensava, então a rota é mais difícil do que você pensava.

Às vezes, aquela pequena cidade em que você estava apostando para reabastecer sua água acaba sendo nada mais do que uma cidade realmente pequena que consiste apenas em uma estação de correios fechada e uma velha igreja. 

3. Treine e cuide da alimentação 

Tente manter uma quantidade consistente de exercícios a cada semana, especialmente durante as semanas que antecederam a viagem. A consistência e a repetição são importantes para obter o ajuste da bicicleta.

Além disso, uma boa ideia é ter uma rotina de treino programada, encaixando em sua programação diária. E também cuidar da alimentação e da hidratação antes, durante e depois da cicloviagem. Sugerimos esse texto onde falamos da alimentação para ciclistas. Clique aqui para ler.

Ou seja, é possível pedalar conhecendo diversos lugares. Há quem prefira viajar por dias e semanas, com agência ou de forma autônoma. E também há aqueles adeptos do cicloturismo mais próximo.

No texto, falamos dessas opções que podem ser feitas, mas lembre-se que a segurança é item fundamental quando for pedalar. Você deve prestar atenção à sua segurança e também à dos outros! Deve-se sempre respeitar as regras de trânsito ao circular em uma rodovia, usar a sinalização e utilizar o equipamento correto para pedalar.

Boa sorte e bom passeio!
Texto por Angélica Weise